ATA DA SEPTUAGÉSIMA QUINTA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 23-9-2004.

 


Aos vinte e três dias do mês de setembro de dois mil e quatro, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Cassiá Carpes, Cláudio Sebenelo, Elói Guimarães, Guilherme Barbosa, Haroldo de Souza, Helena Bonumá, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Luiz Braz, Professor Garcia e Reginaldo Pujol. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Clênia Maranhão, João Bosco Vaz, Maristela Maffei, Pedro Américo Leal, Raul Carrion e Wilton Araújo. Constatada a existência de quórum, a Senhora Presidenta declarou abertos os trabalhos. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Elói Guimarães, a Indicação n° 029/04 (Processo n° 4745/04); pela Vereadora Margarete Moraes, o Projeto de Resolução n° 110/04 (Processo n° 4716/04); pelo Vereador Professor Garcia, o Pedido de Providências n° 1886/04 (Processo n° 4739/04); pelo Vereador Sebastião Melo, o Pedido de Providências n° 1877/04 (Processo n° 4723/04). Do EXPEDIENTE, constaram os Ofícios nos 158797, 158832, 158859, 159120, 159411 e 159441/04, da Senhora Márcia Aparecida do Amaral, respondendo pela Diretoria Executiva do Fundo Nacional de Saúde do Ministério da Saúde. Após, a Senhora Presidenta concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor Nelson Dalmás, Presidente da Associação dos Moradores do Bairro Guarujá, que discorreu sobre o Programa Integrado Socioambiental, instituído pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre, que objetiva concretizar ações de saneamento, drenagem e gestão ambiental, como meio de elevar o índice de tratamento de esgotos da Cidade. Sobre o assunto, relatou questões atinentes a projeto associado a esse Programa, relativo à transferência de duzentas e cinqüenta famílias hoje residentes na Vila dos Sargentos, localizada no Bairro Serraria. Na ocasião, nos termos do artigo 206 do Regimento, os Vereadores João Antonio Dib, Raul Carrion, Haroldo de Souza, Professor Garcia, Cassiá Carpes, Wilton Araújo, Cláudio Sebenelo e Helena Bonumá, manifestaram-se acerca do assunto tratado durante a Tribuna Popular. A seguir, constatada a existência de quórum, foi aprovado Requerimento verbal de autoria do Vereador Professor Garcia, solicitando alteração na ordem dos trabalhos da presente Sessão, iniciando-se o GRANDE EXPEDIENTE, hoje destinado a assinalar o transcurso do septuagésimo aniversário da Casa de Portugal, nos termos do Requerimento n° 116/04 (Processo n° 3284/04), de autoria do Vereador Professor Garcia. Compuseram a Mesa: o Vereador Elói Guimarães, 1º Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, presidindo os trabalhos; o Senhor José Lages dos Santos, Cônsul de Portugal: o Senhor Júlio César Cerchiaro da Fonseca, Presidente interino da Casa de Portugal; os Senhores Fernando Diniz, Edgardo Xavier e Joaquim Amaral, respectivamente Vice-Presidente, Diretor Cultural e Ecônomo da Casa de Portugal; o Senhor Deolindo Dias de Almeida, Presidente do Conselho da Casa de Portugal e Delegado do Conselho das Comunidades Portuguesas; o Deputado Federal Beto Albuquerque; o Vereador João Carlos Nedel, 1º Secretário deste Legislativo. Também, como extensão da Mesa, foram registradas as presenças dos Senhores Ciro Machado, Diretor Social da Casa de Portugal, e Joaquim Firmino. Na ocasião, o Vereador João Antonio Dib solicitou que o Vereador Professor Garcia se manifestasse também, em Grande Expediente, em nome da Bancada do PP. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Professor Garcia, como proponente desta solenidade, abordou a fundação da Casa de Portugal, em mil novecentos e trinta e quatro, tendo como objetivo congregar e abrigar imigrantes portugueses. Ainda, afirmou que essa entidade hoje se encontra totalmente integrada na vida dos porto-alegrenses, desenvolvendo projetos e parcerias com o Poder Público e instituições privadas, principalmente no relacionado às áreas cultural e de assistência social. O Vereador Cassiá Carpes ressaltou a justeza dessa homenagem, como o reconhecimento às atividades empreendidas pela Casa de Portugal, asseverando que essa instituição possui como característica uma filosofia de solidariedade e busca de crescimento do Município. Nesse sentido, declarou que os projetos ali desenvolvidos já não se restringem aos imigrantes e descendentes de portugueses, sendo referencial em termos de vida comunitária e trabalho em prol do bem comum. O Vereador Cláudio Sebenelo saudou a Casa de Portugal, frisando que a Cidade foi povoada a partir da vinda, ao Estado, de sessenta casais portugueses da Ilha de Açores, que se instalariam na região das Missões e que acabaram fixando residência às margens do Lago Guaíba, originando a Freguesia de São Francisco do Porto dos Casais, primeiro nome de Porto Alegre. Também, citou o Monumento aos Açorianos, criado pelo artista gaúcho Tenius, em homenagem a esses imigrantes. O Vereador Reginaldo Pujol afirmou que a Casa de Portugal é uma das mais democráticas instituições da sociedade porto-alegrense, nascida para ser ponto de congraçamento da comunidade portuguesa, mas integrando, atualmente, pessoas de todos os grupos sociais e culturais da Cidade. Finalizando, mencionou eventos organizados pela Casa de Portugal, os quais já se tornaram tradicionais no Município, destacando o jantar e baile relativos à entrega da Comenda do Alecrim. A Vereadora Maristela Maffei cumprimentou as mulheres que representam a Casa de Portugal, presentes nesta solenidade, e lembrou viagem que Sua Excelência fez a Portugal, enaltecendo as qualidades desse país. Também, elogiou as atividades desenvolvidas pela Casa de Portugal com crianças e adolescentes e aplaudiu o trabalho realizado por essa entidade junto à população menos favorecida da Zona Leste de Porto Alegre. O Vereador Haroldo de Souza discorreu acerca dos laços afetivos que ligam Sua Excelência a Portugal, agradecendo o tratamento recebido em suas visitas à Casa de Portugal e afirmando que as pessoas que freqüentam esse clube convivem num clima de amizade, carinho e respeito. Ainda, ressaltou que a Casa de Portugal une pessoas de todas as ascendências, não só a portuguesa, desejando uma continuidade nas atividades realizadas pelos membros que compõem sua diretoria. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Edgardo Xavier, que destacou a importância da homenagem hoje prestada por este Legislativo com referência ao transcurso do septuagésimo aniversário da Casa de Portugal. Às quinze horas e cinqüenta e dois minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quinze horas e cinqüenta e oito minutos, constatada a existência de quórum. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Haroldo de Souza criticou o uso de postes e viadutos em propagandas eleitorais e lamentou denúncias feitas no passado por órgãos de comunicação contra o ex-Deputado Federal Ibsen Pinheiro, sustentando, porém, que um povo não pode prescindir de uma imprensa livre e soberana. Ainda, consternou-se com o acidente ocorrido com ônibus escolar no Município de Erechim, lastimando a morte de um menino na tentativa de resgatar seus colegas. Na oportunidade, o Senhor Presidente registrou a presença do Senhor Paulo Naval, Cidadão Honorário de Porto Alegre. Às dezesseis horas e cinco minutos, constatada a inexistência de quórum, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Elói Guimarães e João Carlos Nedel e secretariados pelo Vereador João Carlos Nedel. Do que eu, João Carlos Nedel, determinei fosse lavrada a presente Ata, que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pela Senhora Presidenta.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

O Sr. Nelson Dalmás, representando a Associação dos Moradores do Bairro Guarujá, está com a palavra para tratar de assunto relativo à transferência de 250 famílias da Vila dos Sargentos - Serraria, pelo tempo regimental de 10 minutos.

 

O SR. NELSON DALMÁS: Exmo Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; nobres Vereadores, demais autoridades; Casa de Portugal, boa-tarde. Meu nome é Nelson Dalmás, sou um cidadão porto-alegrense, Presidente da Associação dos Moradores do Bairro Guarujá, e estou aqui especialmente para falar a respeito do Programa Integrado Socioambiental. Desde o ano 2000, no III Congresso da Cidade, foi votado pela comunidade para que se realizasse em Porto Alegre o saneamento, onde foi decidido que será a década do saneamento em Porto Alegre.

O Programa Integrado Socioambiental é assim denominado por ser uma ação conjunta entre DMAE, DEMHAB e a SMOV, em que será realizada a separação absoluta do esgoto cloacal, desde a Ponta da Cadeia até a Serraria. Isso vai propiciar um benefício extraordinário para a nossa Cidade, uma vez que 1.400 famílias do arroio Cavalhada moram em situação deprimente, como também 250 famílias ou mais da Vila dos Sargentos, no Beco dos Amigos, que estão morando, comendo e dormindo em cima do esgoto. Ali eles se acostumaram com a exalação fétida, e cada pessoa que ali chega não suporta ficar muitos minutos. As doenças que isso propicia resultam na morte, a cada semana, de uma criança. Ainda ontem, mais uma criança teve um óbito, e os moradores daquela localidade, por serem extremamente pobres, nem o caixão puderam transportar. Os presidentes de associações é que tiveram de fazer essa caridade. Não sei o que ficou resolvido.

Senhoras e senhores, o que temos para ser feito em Porto Alegre é muita coisa. O Programa Integrado Socioambiental é mais um passo de uma iniciativa inédita na América Latina, no qual poderemos sentir a transformação de Porto Alegre, de como está atualmente. No arroio Cavalhada será feita uma urbanização linear desde a Av. Diário de Notícias até a Av. Cavalhada, com vias de 2 km e 200 m, e mais uma urbanização natural no Beco do Salso, que vai da orla do Guaíba até a Restinga; além da urbanização de toda a orla, quando poderemos melhorar e sentir a transformação da Cidade. Deveremos pular de 27% do tratamento do esgoto em Porto Alegre, para 77%. Isso dará um pouco mais de balneabilidade nas praias que temos na nossa Cidade, quando, muitas vezes, pessoas que aqui habitam não podem usufruir uma praia de mar. E, atualmente, as praias poluídas, como estão também aqui, não podem ser utilizadas, sob o risco de as pessoas ficarem doentes.

Senhoras e senhores, na Vila dos Sargentos há moradores morando em cima do esgoto! Eu convido cada pessoa para ver isso in loco, para não dizer que eu estou mentindo; mas cuidem-se para não pisar na água misturada com esgoto cloacal. Aqueles que moram ali são acostumados a pisar apenas com chinelos de dedo quando chove intensamente como agora. E as crianças, com os pés no chão, sujeitando-se a diversas doenças, como até aquela transmitida pela urina do rato, a leptospirose. Também há a toxoplasmose, e na semana passada uma mãe de uma criança infectada por essa doença teve o auxílio aqui na Câmara de Vereadores, pela Verª Sofia Cavedon, para comprar remédios, porque é uma doença praticamente incurável, além de sérias doenças que ali existem, desde a tuberculose. Menos a dengue, talvez porque a dengue é esperta, não está em água suja e ali há somente água suja. Devido ao que é apresentado naquela Vila, nenhum Vereador aqui presente gostaria que as pessoas lá permanecessem, porque aqueles que moram lá estão numa situação, realmente, que ninguém suportaria.

E, pasmem, senhores, porque realmente é com estupefação que lhes digo que um rico comerciante de Veneza teve a ousadia de fazer quatro prédios de alvenaria em cima da água, pensando que Porto Alegre também fosse uma Veneza. E agora esses prédios, com o Programa Integrado Socioambiental, porque estão exatamente na orla do Guaíba, terão que ser removidos. E essa pessoa resiste, quer ficar ali, não quer sair, porque acha que empregou muito dinheiro. Sim, de fato! Ele é rico, e porque empregou muito dinheiro ao fazer esses quatro sobrados, em que acima ainda podem ser construídos mais dois pisos, na semana passada ele esteve aqui fazendo um pequeno pronunciamento. Presidente de uma Associação criada há mais ou menos um ano - Associação da Rua A -, Sr. Luiz Waldoir de Souza Castro. Ele tem a petulância de querer ficar ali prejudicando aquelas famílias que precisam sair, porque a Prefeitura depende do financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento, o BID, e, enquanto isso não for realizado, aquelas famílias não poderão ser removidas. E, mesmo assim, apenas para poder manter o valor monetário que ele ali empregou, ele se esquece que até um filho ele perdeu afogado naquelas águas do Guaíba. O que vale é o seu dinheiro, o que vale são aqueles prédios que ele construiu ali e que ele não poderá receber tudo de volta. Mesmo que ele quisesse fazer um aterro na orla do Guaíba para salvaguardar o seu patrimônio, ele não poderia pedir usucapião, porque é área pública. O usucapião que ele pudesse ter para se dizer dono daquilo que ele construiu seria muito justo; queríamos que fosse assim, mas ele construiu em cima da água, naquilo que ele não comprou e onde tantas famílias, ali na Vila dos Sargentos – 250 famílias –, tiveram que construir a sua pequena casa, porque não tinham outro lugar para morar. Construíram e agora moram, mas querem sair, não querem continuar morando em cima do esgoto.

As pessoas não conseguem suportar essas condições deprimentes, entrando naquela miserabilidade que infelizmente nós ainda temos em nossa Cidade. E isso tudo será solucionado realizando-se o Programa Integrado Socioambiental.

Eu tenho certeza de que os nobres Vereadores que aqui se encontram não gostariam que essas famílias continuassem naquela situação, pois a nossa vida depende de que os nossos irmãos vivam melhor do que naquele lugar em que eles estão neste momento.

O meu pronunciamento baseou-se no Programa Integrado Socioambiental e nessas 250 famílias da Vila dos Sargentos, além das 1.400 famílias que moram também na margem do arroio Cavalhada, na mesma situação deprimente. Essas famílias também deverão ser reassentadas quando esse Programa for implantado, dependendo do financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento.

Senhores, agradeço pela oportunidade de estar aqui nesta tribuna, na frente de nobres Vereadores - os seus debates são a alma da democracia. Sem esses debates, não haveria democracia. É isso que me engrandece: ver tantos Vereadores de tão nobre porte.

Eu quero desejar a esta Casa, ao me despedir: amor, harmonia, verdade e justiça. Obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Convidamos o Sr. Nelson Dalmás a fazer parte da Mesa.

O Ver. João Antonio Dib está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães, meu caro Presidente Nelson Dalmás, da Associação dos Moradores do Bairro Guarujá, o que V. Sª trouxe ao conhecimento da Casa, ao conhecimento do povo de Porto Alegre é o outro lado do “Cidade Viva”: 250 famílias que poderiam ter resolvido o seu problema, sem dúvida nenhuma!

Eu sou Engenheiro; eu já fui Secretário de Obras, já fui Diretor do DMAE, e digo, sem dúvida nenhuma, que com parte do dinheiro gasto em publicidade para divulgar o “Programa Cidade Viva”, aquele que diz que nós temos 99,5% da população abastecida com água, e 77% do esgoto coletado, que isso tudo é publicidade, que se não fosse gasto dinheiro para mostrar ao povo de Porto Alegre uma outra Porto Alegre, não precisaríamos de banco nenhum para resolver o problema dessas 250 famílias, nem das outras 1.400 famílias que estão nas margens do arroio Cavalhada. E por quê? Porque a Prefeitura mantém dinheiro em CDBs, e isso eu estou dizendo com a tranqüilidade de quem faz a verificação mês a mês.

Portanto, a imagem que se tem de uma Prefeitura dependendo de dinheiro de banco internacional não é verdadeira; teria, apenas, que usar os recursos em benefício da coletividade sobre a qual ela tem responsabilidade. Saúde e PAZ!

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Raul Carrion está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Eu já tive a oportunidade de me manifestar por ocasião da vinda desse cidadão nomeado na semana passada. Portanto, queria só reforçar a importância do Projeto Socioambiental arroio Cavalhada que irá regularizar a situação de mais ou menos 1.500 famílias, a urbanização do local, inclusive a questão da moradia, e irá aumentar enormemente o tratamento de esgotos em Porto Alegre, e o Ver. João Dib já foi Prefeito desta Cidade e sabe que até o início da Administração Popular praticamente a totalidade do esgoto não era tratada.

Portanto, o problema não é de tão fácil solução como o Ver. Dib hoje prega.

Quero dizer também que esse Projeto envolve inúmeras obras viárias, envolve benefício para outros bairros, como a questão do Túnel Verde; há um problema de regularização lá que depende de esgoto pluvial. Em suma, é um Projeto de interesse da Cidade, e praticamente a balneabilidade do nosso Guaíba depende muito dele. Portanto, é um Projeto em que não pode o interesse individual de um cidadão ou de dois cidadãos impedir a sua execução.

Por isso estamos solidários com a Associação que V. Sª preside, e lamentamos o que houve na outra ocasião - evidentemente que há o legítimo direito do contraditório aqui -, o interesse individual de uma pessoa tendo prevalecido no uso da Tribuna Popular no outro dia, como nós também já comentamos.

Parabéns a ti, Dalmás, que és um lutador das comunidades da Região Sul, e em teu nome saudamos a comunidade que já naquele dia se fez presente e que, no dia de hoje, retorna para expor sua opinião, e certamente esta Casa a levará em conta. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente, e meu caro Nelson Dalmás, Presidente da Associação dos Moradores do Bairro Guarujá, o Ver. Raul Carrion disse que esse é um problema de difícil solução. Problema de difícil solução! Em 2000, no III Congresso da Cidade, como o senhor disse na sua belíssima oratória, foi votado o saneamento para o arroio Cavalhada; faz quatro anos. Duzentas e cinqüenta famílias vivem sobre o esgoto a céu aberto na Vila dos Sargentos, mas avenidas, obras grandiosas de milhões de reais, avenidas “rasgando” Porto Alegre, há necessidade, sim, que o trânsito de uma Cidade grande como a nossa exige, mas damos prioridade a resolver os problemas. Principalmente neste ano eleitoral, da noite para o dia, a Cidade se transforma com avenidas fantásticas, necessárias sim, mas temos seres humanos que continuam vivendo no meio do esgoto. Isso é revoltante!

Como disse o Ver. João Dib: “Só com parte da verba publicitária mentirosa que se usa para falar de uma Cidade, se resolveria esse problema”.

O senhor falou em amor, harmonia, verdade e justiça. De que forma praticarmos esses quatro sentimentos diante de um quadro como este? Eu prefiro o trânsito caótico, prefiro, sim; eu prefiro uma Cidade confusa no seu trânsito a essas largas avenidas, mas não deixando seres humanos vivendo na miséria! E não só na miséria moral, numa miséria que nós não deveríamos mais aceitar; a sociedade não deveria mais conviver com isso: pessoas vivendo no esgoto?! É lamentável!

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Professor Garcia está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. PROFESSOR GARCIA: Prezado Sr. Nelson Dalmás, Presidente da Associação dos Moradores do Bairro Guarujá, sei da sua trajetória ao longo desses anos; é realmente daqueles cidadãos que está sempre presente em todas as ações. E aqui, hoje, foi muito discutido, debatido, têm-se feito várias apologias, principalmente a um segmento. Mas acho isso importante, e essa é a sua preocupação, pelo menos foi o que entendi na sua fala: essa questão das 250 famílias da Vila dos Sargentos - Serraria. Foi dito também da grandiosidade de um Projeto da Zona Sul, mas é um Projeto da Cidade. É um Projeto em que se pode prever para, daqui a 10 anos, a balneabilidade do rio Guaíba, e é isso que se busca! Nós reclamamos tanto que a população de Porto Alegre - um milhão e 400 mil habitantes - fica de costas para o Guaíba. E quando nós temos uma oportunidade concreta de trabalhar em cima disso, cria-se essa celeuma.

Na realidade o que nós queremos é criar mecanismos e políticas públicas de balneabilidade do Guaíba, essa água potável tão boa e de qualidade que nós temos - e muitas vezes alguém discute isso - e criar, sim, mecanismos para que essas 250 famílias possam ser relocadas para um lugar seguro, confortável, e busquem aquilo que todos cidadãos querem, ou seja, o direito à moradia.

Parabéns pela sua luta, porque essa luta é de todos nós.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Cassiá Carpes está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. CASSIÁ CARPES: Sr. Presidente, quero saudar a presença do Presidente da Associação dos Moradores do Bairro Guarujá, o Sr. Nelson Dalmás. Só quero pinçar uma frase que o senhor disse, pela importância da sua palavra, e, se me recordo, coincidentemente, o senhor foi candidato a Vereador ou a Deputado pelo PT, não é? Então o senhor disse o seguinte: “Muita coisa tem que ser feita”. É verdade. Muita coisa tem que ser feita em Porto Alegre. Então, eu quero parabenizá-lo pela importância do seu discurso, pela coragem da sua posição de afirmar, aqui, que muita coisa tem que ser feita em Porto Alegre. Até porque o que foi feito em Porto Alegre nos últimos anos, as grandes obras como a Perimetral, foi com o dinheiro internacional.

Portanto, o Poder Público Municipal está sem condição de operar na Habitação, na Saúde, na Educação, e assim por diante. Parabéns pela sua palavra, o senhor se despede aqui com uma importância muito grande; vem trazer à tona esse problema da nossa Cidade e mostrar para todos os porto-alegrenses que muita coisa deve ser feita. Essa é a frase mais usada pelo senhor no seu discurso. Muito obrigado, parabéns pelo seu posicionamento.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Wilton Araújo está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: Sr. Presidente e Sr. Nelson Dalmás, da Associação dos Moradores do Bairro Guarujá. Nós ouvimos atentamente o pronunciamento do senhor, e também concordamos com o Ver. Cássia, que foi bastante incisivo. Nós entendemos que a cidade de Porto Alegre - e assim já temos nos manifestado em algumas ocasiões em nome do PPS, a minha Bancada -, que a política de habitação desta Cidade precisa ser reformulada de alguma forma; que a absoluta prioridade precisa ser dada a essa área. E, infelizmente, a média dos últimos anos tem sido de mil habitações por ano; absolutamente insuficiente para que a Cidade possa ter um fluxo normal, possa acolher as milhares de famílias que estão em situação igual, se não igual, muito parecida com as dessas 250 famílias.

Por isso a Bancada do PPS se solidariza com a posição de V. Sª e seremos uma trincheira a favor dessa batalha que Porto Alegre precisa enfrentar, e muito brevemente.

Esperamos que os próximos Prefeitos tenham, nas suas palavras, um caminho, e, com certeza, o PPS já sonha com ele. Obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Dr. Nelson Dalmás, que veio falar de um assunto ligado à saúde dessas 250 famílias, que trata da educação dessas 250 famílias, que trata do saneamento dessas 250 famílias, que trata da moradia dessas 250 famílias, que trata do planejamento dessas 250 famílias.

Porto Alegre - Norte, Sul, Leste, Oeste -, tem milhares de pontos de esgoto a céu aberto. No macro, o nosso saneamento é vergonhoso. E, a cada ponto desses, talvez o senhor encaminhando ao Orçamento Participativo, tenha a solução do problema, talvez, mais ou menos, daqui a uns 50 ou 100 anos.

Quando se fala em saúde, não se fala só em leptospirose, que é quase endêmica em Porto Alegre; fala-se em hepatite, fala-se em infecções intestinais em crianças.

Quando se fala em educação, se fala, pelo menos, na auto-estima das pessoas ao se sentirem em cima de um esgoto a céu aberto, pelo mau-cheiro, pela abjeção e, principalmente, pela tragédia existencial.

Quando se fala em saneamento, sabemos que 27% da população tem esgoto cloacal contra 73% daqueles que não têm.

No ano de 2004, com relação à moradia, realmente, como muito bem disse o Ver. Wilton Araújo, nós precisamos de uma nova política de moradia na cidade de Porto Alegre. E planejamento, pelo amor de Deus, o que o senhor disse aqui é clamoroso, é vergonhoso para uma Cidade que se diz a “Capital da Qualidade de Vida” no cinema, na televisão. Na realidade, o aumento do número dos favelados e essas constatações diárias das pessoas que estão em campanha na Cidade e caminham pela Cidade durante os seus quatro anos como Legisladores, mostram o quanto nós fomos enganados, o quando se mente nesta Cidade.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Verª Helena Bonumá está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

A SRA. HELENA BONUMÁ: A nossa saudação, em nome da Bancada do PT, ao Sr. Nelson Dalmás, que tem sido uma das lideranças comunitárias construtoras da experiência do Orçamento Participativo na nossa Cidade e traz para esta Câmara um debate extremamente importante que é o Projeto Socioambiental e o efeito que esse Programa terá efetivamente nas condições de vida e de habitação em cerca de mais de 1.500 famílias. Nós temos tido em Porto Alegre, ao longo desses 16 anos, uma política habitacional, e, se é verdade que os recursos são muito aquém do que nós gostaríamos, aqui eu quero fazer um parêntese, porque eu acho, Sr. Nelson, que esta Câmara tem de se posicionar com mais rigor, com mais preocupação na questão do aumento das receitas do Município de Porto Alegre: não basta só dar isenção; aumentar a receita para a gente poder investir é uma coisa fundamental, e isso é responsabilidade desta Casa também, além do Executivo: o financiamento das políticas públicas.

E, se é verdade que nós no País, pela desigualdade social, e aqui em Porto Alegre também temos déficit habitacional, é verdade, também, que nós temos tido ao longo desse período uma política habitacional que marca com o seu cunho o comprometimento que nós temos com essas famílias que vivem na situação de vulnerabilidade social. O Projeto Entrada da Cidade é um dos exemplos, assim como foi lá na Vila Planetário, como um primeiro exemplo, depois as Vilas Lupicínio, Renascença, Zero Hora, um conjunto infindo de intervenções habitacionais para melhor alojar as populações que vivem em situação de risco, de vulnerabilidade social, sem habitação.

Portanto, temos sim, temos tido uma política habitacional da qual nos orgulhamos. Falta recurso? Falta. Nós somos um País pobre para investir em políticas sociais, apesar de sermos um País muito rico, mas é o País da desigualdade social, e esta Câmara tem de se colocar com mais rigor, com mais presteza, com mais preocupação com relação à questão do aumento da Receita do Município para que a gente possa investir mais em políticas sociais como é do interesse da nossa comunidade.

O senhor é sempre bem-vindo a esta Casa, e conte com a Bancada do Partido dos Trabalhadores para essa luta que é a luta de todos nós, que é a luta de uma Cidade que se democratiza e vira referência internacional por causa disso, e tem construído soluções para a sua população. Obrigada.

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Nós queremos saudar o Sr. Nelson Dalmás, Presidente da Associação dos Moradores do Bairro Guarujá. Ele expôs, aí, as agruras por que passa aquela comunidade. Os Srs. Vereadores se manifestaram, a Casa taquigrafou, a TVCâmara registrou e os desdobramentos haverão de se dar acerca de matéria tão importante. Receba a nossa saudação e os nossos cumprimentos.

Está encerrado o período da Tribuna Popular.

 

O SR. PROFESSOR GARCIA (Requerimento): Sr. Presidente, nós solicitamos a inversão da ordem dos períodos da Sessão para entrarmos no Grande Expediente.

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Em votação o Requerimento de autoria do Ver. Professor Garcia. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Passamos ao

GRANDE EXPEDIENTE

 

Hoje este período é destinado a assinalar o transcurso do 70º aniversário da Casa de Portugal, por proposição do Ver. Professor Garcia.

Compõem a Mesa da presente solenidade o Sr. Júlio César Cerchiaro da Fonseca, Vice-Presidente da Casa de Portugal, no exercício da Presidência; o Sr. José Lages dos Santos, Cônsul de Portugal; o Deputado Federal Beto Albuquerque; o Sr. Deolindo Dias de Almeida, Presidente do Conselho da Casa de Portugal e Delegado do Conselho das Comunidades Portuguesas; o Sr. Edgardo Xavier, Diretor Cultural da Casa de Portugal; o Sr. Joaquim Amaral, Ecônomo da Casa de Portugal. Registramos também, como extensão de Mesa, a presença do Sr. Ciro Machado, Diretor Social da Casa, bem como do Sr. Joaquim Firmino. Saudamos a todas as pessoas aqui presentes, associados da Casa de Portugal e demais pessoas, senhores da imprensa.

O Vereador Professor Garcia está com a palavra em Grande Expediente.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Nobre Ver. Professor Garcia gostaria de pedir a V. Exª, considerando que o meu Partido não tem inscrição no Grande Expediente, que falasse também em nome do Partido Progressista. Muito obrigado.

 

O SR. PROFESSOR GARCIA: Pois não, Ver. João Antonio Dib. É com prazer que falaremos em nome do seu Partido. Exmo Sr. Presidente Elói Guimarães, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Sempre cabe ao proponente falar da instituição e contar um pouco da história. Queremos também dizer que, além de falarmos em nome da Bancada do PP - composta nesta Casa pelos Vereadores João Antonio Dib, Pedro Américo Leal, João Carlos Nedel e Beto Moesch -, estamos também falando em nome da Bancada do PCdoB, cujo representante nesta Casa é o Ver. Raul Carrion.

A Casa de Portugal foi fundada no dia 16 de dezembro de 1934, e situava-se, na época, na Rua Marechal Floriano, nº 60, em sala cedida, por empréstimo, pela firma Ervedoza Lima. O seu primeiro Presidente foi António Portas, e a sua primeira sede foi na Rua Capitão Montanha, nº 131. O objetivo era abrigar e dar assistências aos emigrantes que necessitassem. Mais tarde, essa sede mudou-se para onde é a atual sede social, Av. João Pessoa, nº 579.

Na década de 60, profundas alterações no prédio da Av. João Pessoa transformaram a antiga e pequena sede em instalações modernas e condignas com os objetivos da casa.

Em 1978, foi adquirida uma área de aproximadamente quatro hectares na Av. Bento Gonçalves, nº 8.333, que ainda é a sede campestre, lá no bairro Agronomia.

Em 1980, foi lançada a pedra fundamental para a construção da sede campestre. O ato solene contou com a presença do Cardeal D. Vicente Scherer. A sede campestre possui piscinas, salão polivalente para atividades desportivas e sociais e continua sempre em melhorias. Além disso, há sempre a busca da colaboração com a comunidade e a própria colônia portuguesa.

No início da sua existência, a Casa de Portugal, além do congraçamento existente na colônia, mantinha um serviço de assistência aos portugueses necessitados que ia desde o auxílio médico e alimentar até serviços funerários. Essa assistência é estatutária e vem sendo mantida até hoje.

Em 1974 e, mais tarde, em 1990 e 1991, a Casa de Portugal acolheu e encaminhou portugueses do continente e natos na África que aqui aportavam fugindo de guerras que se anunciavam. Hoje, a Casa, com a diminuição de emigrantes lusitanos, é dirigida também por luso-descendentes e brasileiros natos. A Casa de Portugal está totalmente integrada na vida de Porto Alegre, conforme comprovam os projetos de que está imbuída, entre os quais podemos destacar: a parceria com o Lar Santo Antônio dos Excepcionais, Pastoral da Criança, o Asilo Padre Cacique; há a Literatura Infantil Portuguesa na sua Escola; com o Projeto Ana Castro Osório, o Departamento Cultural leva às escolas os contos e histórias da literatura infanto-juvenil portuguesa; é feita a arrecadação e a distribuição de brinquedos para as crianças da Creche Tia Beti, na Vila Bom Jesus; o espaço Casa dos Escoteiros; roupas para acampamento do Centro de Reabilitação dos Dependentes Químicos; roupas e alimentos para o acampamento indígena do bairro Agronomia; campanhas do agasalho; visita de apoio a asilos. Para a divulgação da cultura portuguesa, a Casa de Portugal dispõe ainda do Rancho Folclórico, da Biblioteca, com aproximadamente 3.000 volumes, e organiza atos cívicos, com o propósito de maior aproximação entre gaúchos e lusófilos.

Lembramos, também, que é na Casa de Portugal que está instalada a Câmara de Comércio Portuguesa no Brasil.

Conversando com o Deputado Beto Albuquerque, falávamos que o Albuquerque é de ascendência portuguesa. No meu nome, Carlos Alberto Oliveira Garcia, o “Oliveira” é o sobrenome do meu avô que veio de Moçambique. E a grande totalidade do nosso País é de ascendência luso-portuguesa. E queremos dizer, com alegria e orgulho, que esses 70 anos dessa magnífica entidade chamada Casa de Portugal são motivo de júbilo para todos nós. É o reconhecimento da Cidade àqueles que prestam um trabalho social, um trabalho de congraçamento entre os seus irmãos, mas, principalmente, àqueles que visam à integração do povo de Portugal com o povo brasileiro. E hoje, praticamente, não existe distinção, porque o povo brasileiro é o povo português, e o povo português é o povo brasileiro.

Então, nós queremos, mais uma vez, parabenizá-los por tudo que a Casa de Portugal tem feito em prol da comunidade de Porto Alegre e da comunidade do Rio Grande do Sul. Gostaria de dizer que, muitas vezes, lá, com o Joaquim Amaral, tenho ido à Casa de Portugal, nos seus eventos. Tivemos a oportunidade, também, neste ano, de participar da festa de aniversário da Casa de Portugal lá na sede campestre.

Desejamos que vocês continuem com essa obra maravilhosa, porque o exemplo que dão mostra a toda Cidade aquilo que nós necessitamos, ou seja, a obra social, a missão com o próximo e, principalmente, a integração dos povos.

Então, em nome do nosso Partido, o Partido Socialista Brasileiro, queremos fazer esta saudação e também dizer que a cidade de Porto Alegre quer, sim, agradecer a todos os irmãos portugueses que para cá vieram e mostraram a importância da cultura, da culinária e, principalmente, da hospitalidade do seu povo, porque nós fazemos parte desse contingente. Parabéns. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Nós queremos registrar a presença do Sr. Fernando Diniz, atuante Vice-Presidente da Casa de Portugal, que também compõe a Mesa dos trabalhos.

O Ver. Cassiá Carpes está com a palavra em Grande Expediente.

 

O SR. CASSIÁ CARPES: Exmo Sr. Presidente da Câmara Municipal de Vereadores, neste ato, Ver. Elói Guimarães, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) O proponente desta homenagem, o Ver. Professor Garcia, já fez aqui uma explanação da origem da Casa de Portugal, falando, conseqüentemente, da sua peculiaridade e tradição.

Eu quero dizer que, recentemente, estive naquela grande festa da Casa de Portugal, na Av. Bento Gonçalves - fui convidado por um casal de São Borja, que inclusive está presente aqui, e eu quero aproveitar para saudar a todos os que estão presentes nas galerias -, e fiquei maravilhado com aquela festa e pelo sentido da confraternização. Parece-me que a Casa de Portugal não pertence mais aos portugueses, ela está inteirada e integrada à sociedade porto-alegrense e gaúcha. Portanto, essa integração é permanente e, principalmente, solidária, porque a solidariedade está dentro dessa Casa, ela já transpõe aquilo que nós entendemos ser só uma colônia.

Recebam, pois, os parabéns deste Vereador. Hoje, coincidentemente, nós temos três Vereadores do PTB inscritos neste período de Grande Expediente para reverenciar a Casa de Portugal, que tão bem representa a colônia portuguesa, mas que, como eu disse anteriormente, já tem um significado muito amplo e tem a parceria da nossa comunidade, do Estado e de todas as entidades, principalmente naquilo que é tão necessário e que os órgãos públicos deixam a desejar, que é a solidariedade, que é a preocupação com o ser humano, com as entidades privadas, com as ONGs, etc.

A Casa de Portugal tem, sem dúvida, uma tarefa essencial que nos deixa comovidos e também deixa a colônia portuguesa envaidecida de tanto orgulho por sentir que essa instituição já ultrapassou os seus limites e abrange uma sociedade inteira. Queira receber deste Vereador, Líder do Partido Trabalhista Brasileiro, a solidariedade na passagem desses 70 anos, e, tenho certeza, serão não sei quantos anos mais para abrilhantar não só a colônia, mas, principalmente, para a satisfação do povo de Porto Alegre e do Estado. Parabéns; são 70 anos de glórias, 70 anos de solidariedade, 70 anos de luta e de uma referência muito grande para a nossa comunidade. Parabéns a todos. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra em Grande Expediente.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Na Casa de Portugal, há 70 anos, é onde se dança o vira, é onde se canta o fado, onde se almoça à Gomes de Sá; é onde convivemos com os nossos irmãos siameses, os portugueses vestidos de verde e de um vermelho quase grená; onde lembramos o fascínio das descobertas, a fé, a crença sebastianista permanente da volta, dos caminhos da volta.

O passado traz a esta Cidade, há 250 anos, um grupo de casais do Arquipélago dos Açores, que descem desde a antiga cidade de Desterro, hoje Capital de Santa Catarina, Florianópolis, trazendo ao seu bojo a Nau Catarineta e o terno de reis, e de lá, descendo pelo mar, pela costa, entrando na Lagoa dos Patos, chegando a esta Cidade, eu convidaria os amigos portugueses, que já o fizeram, mas que o façam novamente, a chegar na Av. Perimetral em Porto Alegre, ali há um monumento a Portugal, ele é de ferro, está todo enferrujado, é uma amostra do talento dos nossos artistas de Porto Alegre e que representa os 250 anos da chegada dos açorianos a Porto Alegre. E nesses 250 anos, a chegada, a carta de autorização do Rei de Portugal, para que eles viessem, está ali gravada numa placa. E ficamos pensando, comparando o barulho do avião a jato, com aqueles loucos irmãos portugueses de navio, que, representados no monumento em ferro, são corpos humanos que vão aproximando-se e formando uma quilha de um barco, a carena de uma ave, e que dá a possibilidade hidrodinâmica de chegar contra as ondas, contra as tempestades, atravessando mares encapelados até chegar a esta Cidade; esses homens corajosos que levaram meses até chegar aqui.

Pois é essa a descoberta fantástica do tempo, 250 anos depois do descobrimento do Brasil – há poucos dias festejamos –, a descoberta e a formação da nossa Cidade, por um açoriano chamado Jerônimo de Ornellas.

Nós que curtimos a Casa de Portugal, que curtimos a sua culinária extraordinária, que curtimos a sua dança, a música, o folclore e, principalmente, a gente portuguesa, nós curtimos os nossos ancestrais da forma que nenhuma outra representação pode relacionar como a do amor aos nossos irmãos portugueses. Essa admiração pelo país que fizeram, construíram, pelo que é hoje Portugal, como exemplo sob todos os sentidos, inclusive de beleza - Lisboa é uma cidade mágica, e chegar à beira do Tejo, na sua orla toda ajardinada e olhar para a direita e saber que dali saíram as caravelas, nos faz lembrar um passado fantástico.

Nós temos um futuro: "Revendo o futuro - Desvendar terras, mares, / pares de galáxias axiais, / mais do que sina, é compulsão / de quem assina versos / Destes perversos signatários / vários singram aqui dentro / Sangram de tanto repeti-los / brotam estilos imersos / E se, no quebranto das descobertas / morrerem em Valladolid, / num negro buraco em Sagres, / prosarão milagres siderais / montanhas de rimas / bangs d’águ’abismos / E, cúmulo final, / qual Pessoa, fingidores, / tenham tantos heterônimos / por túmulo e coroa, / outro Mosteiro dos Jerônimos / numa nova Lisboa, / de um futuro Portugal”. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra em Grande Expediente, por cedência de tempo do Ver. Dr. Goulart.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Exmo Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Meu caro amigo Ver. Professor Garcia, proponente desta homenagem, que, ontem, próximo da meia-noite, me avisava da imperiosa necessidade de estarmos hoje aqui para, em conjunto, homenagearmos essa entidade que completa 70 anos e que é uma referência dentro da sociedade porto-alegrense.

Eu tenho a maior alegria em participar deste ato, especialmente porque aqui eu vejo presentes inúmeras pessoas com as quais tenho convivido ao longo do tempo. Neste Estado do Rio Grande do Sul são raríssimos aqueles que não têm algo de português nas suas veias. Eu que sou neto de catalão, sou tataraneto de portugueses, oriundos dos Pereira da Luz, que, no século que antecedeu ao século passado, se instalaram na fronteira do Rio Grande, formando uma comunidade e plantando raízes que se espalharam ao longo do tempo.

Por isso, eu sempre tive com a comunidade portuguesa um vínculo muito especial; não sei se a circunstância de que, por longo tempo, os restaurantes desta Cidade, as padarias desta Cidade, sempre tinham um português amigo a nos atender, que me fez, meu caro Deputado Beto, tão vinculado a inúmeras figuras representativas da colônia, entre as quais, o seu Presidente - hoje aqui muito bem representado pelo seu Vice-Presidente -, meu particular amigo, que gostaria de tê-lo aqui presente, mas, como disse, já está muito bem representado na figura do seu vice.

De outro lado, a entidade homenageada, que representa a comunidade lusa em Porto Alegre - o Ver. Cassiá, que veio a conhecê-la há pouco tempo, enfatizou uma característica muito especial -, é uma das mais democráticas sociedades que eu conheço na cidade de Porto Alegre. Nascida com a finalidade, Ver. Garcia, de ser o ponto de congraçamento da colônia portuguesa, nunca foi uma entidade hermética, nunca foi uma entidade fechada, a ponto de eu poder confessar que as duas pessoas que mais me atraíram para o convívio muito grato que tenho com a Casa de Portugal é um descendente de italiano, Vercidino Albarello, e um descendente de japonês, o nosso José Kimura da Silva. Com os dois, meus grandes amigos, já participei de inúmeras festas na entidade, entidade que teve o seu nascedouro na Av. João Pessoa, onde o Amaral continua a produzir grandes festas, com grande convivência social, e que tem aquele paraíso especial, lá na Av. Bento Gonçalves, com um galpão novo, com ginásio de esportes, com as churrasqueiras embaixo das árvores, e com aquele convívio extremamente amigável, do qual tive o privilégio de participar.

Aliás, Ver. Garcia, temos de cobrar da Comenda do Alecrim uma grande festa este ano. Já fui comendador da Comenda do Alecrim, e o Deolindo me acena com a cabeça, o Amaral sabe disso: foi a que melhor resultado ofereceu àquela Casa, quando tive o privilégio de participar dessa Comenda. Então, essa tradição que ajudei a construir não pode ser interrompida.

Hoje, os Vereadores desta Casa estão muito envolvidos num processo, que nem preciso comentar; todos sabem a que estou me referindo, e o Dep. Beto Albuquerque faz um pit stop conosco, parando um pouquinho para nos prestigiar, mas, logo depois, é a grande Comenda do Alecrim. O Ver. Elói, sempre presente na primeira fila, tem o direito de se somar a mim para dizer o seguinte: queremos, neste ano, uma grande festa, como é a tradição das festas organizadas na Casa de Portugal, especialmente pela Comenda do Alecrim.

E qual é o grande fenômeno do sucesso dessas festas? Será que é a culinária, tão bem desenvolvida pelos mestres Deolindo, Amaral, e por tantos outros que lá se somam, especialmente no Jantar dos Cozinheiros? Ah, isso é extremamente importante, mas não tão importante como o clima que a gente encontra na Casa de Portugal. A gente chega lá e se sente no meio de amigos, de pessoas que mostram alegria em receber a gente, e que transformam os meio-portugueses, como eu, em verdadeiros portugueses, no que diz respeito ao privilégio de partilhar das coisas boas que lá se encontram.

Quero saudar o meu caro Júlio, que hoje representa a entidade, e representa com grande competência; hoje é vice, já foi presidente, e amanhã ou depois, volta à presidência. Conheço o círculo que lá se realiza.

Saibam que nesta Casa, todos nós, temos muito carinho, muito amor pela entidade que os senhores dirigem, e, saibam mais: nós só vamos lamentar, é que não tenham tido a iniciativa de trazer uns bolinhos de bacalhau no dia de hoje! Afinal de contas, quanto ao pit stop que o Beto está fazendo nesta hora, não é só ele, todos nós paramos de fazer uma coisa que estamos fazendo nos dias atuais para virmos hoje aqui abraçar todos vocês e dizer: Olha, é uma alegria para nós homenagearmos uma entidade que tem 70 anos, e que tem 70 anos de verdadeira interação e integração recreativa e social. Vamos chegar aos 100 anos, certo? Vamos chegar aos 100 anos e festejar um a um, os 71, os 72, até o centenário. O centenário, então, será uma festa de arromba! Da Av. João Pessoa à Av. Bento Gonçalves, até o limite com Viamão, serão bandeiras lusitanas tremulando, o povo e a grande colônia portuguesa partilhando com seus amigos a alegria de ter mantido, por tanto tempo, uma entidade com essas características.

Meus cumprimentos e minha alegria de estar com vocês neste dia. Tenho dito. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Verª Maristela Maffei está com a palavra em Grande Expediente, por cedência de tempo deste Vereador.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Agradeço a cortesia do Ver. Elói Guimarães, que me cedeu seu tempo para eu falar em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores.

Não poderia deixar de lembrar aqui, também, das mulheres portuguesas presentes, desde o início da história aqui no nosso País, como também lá na terra natal, pela sua bravura. Eu gostaria, inclusive, de citar os nomes das que aqui estão: D. Iolanda, que é, inclusive, esposa de um dos fundadores da Casa de Portugal no Brasil; a Ângela, a Vera, a Magali, a Maria Assunção, a Eloísa, e a nossa maravilhosa Chiquinha, que há poucos dias esteve de aniversário, com uma festa brilhante, lá na Casa de Portugal. Eu gostaria de pedir uma forte salva de palmas para essas mulheres maravilhosas. (Palmas.)

Esta homenagem faz-nos lembrar - apesar de eu ter passado lá rapidamente - aquela terra maravilhosa. Ainda lembrava-me a Sandra, que conhece muito bem aquele país, ela, que é da nossa Bancada, das regiões de Trás-os-Montes, Lisboa, Alentejo, Algarve, e toda essa terra maravilhosa.

Mas aqui foram traduzidas as questões econômicas, a importância da organização; e eu queria me referir a um ponto mais específico, Sr. Presidente: a amizade. As pessoas que aqui estão, de Portugal, e, principalmente da Casa de Portugal, nos transmitem uma sinceridade ímpar, de emoção, de convívio; e eu gostaria de especificar, com muita sinceridade, na pessoa do Joaquim, na pessoa do Fernando, e de tantos outros, o que significa, realmente, a lealdade, a sinceridade, e o aconchego, quando a gente chega naquela Casa, quando lá saboreamos um bacalhau maravilhoso, um vinho português maravilhoso, apesar de eu ainda não ter aprendido a saborear um vinho, um bom vinho, e um bom “verde”, que ainda quero ter o prazer de conhecer, e sobre o qual muito nos propagandearam aqui nesta casa.

E esse aconchego nos é traduzido pela Casa de Portugal, no Brasil, com todas as referências aqui citadas, como a leitura nas escolas-parcerias, com a escolinha de Piaget, o que para nós é um orgulho muito grande, principalmente pela proposta político-pedagógica que a Frente Popular tem aqui em Porto Alegre, o trabalho com as crianças e os adolescentes; e a manutenção, a luta pela manutenção do Consulado no Brasil, Ver. Carlos Alberto Garcia, que nos proporciona este momento maravilhoso. Confesso, com uma pontinha de inveja, que, quando eu vi o Projeto protocolado, quase que pedi ao senhor para assinar junto, mas não dava mais tempo. Por isso fiz questão de estar aqui.

Há o trabalho também na área social, na periferia, como nós desenvolvemos na nossa Lomba do Pinheiro - somos vizinhos da sede campestre, aquela bela sede campestre, que faz vizinhança com a nossa região -, um trabalho honrado, um trabalho significativo na nossa região, mas também um trabalho que, apesar do avanço e da modernidade, mantém a sua especificidade na cultura, na integridade, no valor da família e no valor de uma sociedade que também nos ajuda a resgatar, pelo trabalho feito na Pastoral da Criança e também no Lar Santo Antônio, a dignidade que vem de toda a origem da sociedade portuguesa, que nós, com certeza, conseguimos traduzir numa bela parceria.

Em nome disso é que venho aqui, pela minha Bancada, Ver. João Dib, para falar que a amizade, para nós, é o sabor mais especial, e esse sabor está traduzido na prática e na relação de vida que essa comunidade tem conosco, aqui em Porto Alegre, em especial nessa parceria de amizade que temos com a Casa de Portugal, por intermédio do Joaquim e da Chiquinha, que são duas pessoas maravilhosas.

Dessa forma, eu encerro com singeleza, com simplicidade, dizendo que o nosso coração está sempre aberto para pessoas maravilhosas que dignificam a nossa comunidade e que não visam apenas, como o exemplo do restaurante que ali está, ao lucro, mas querem compartilhar com as pessoas a experiência de Portugal, com a experiência de toda a nossa cultura aqui no Brasil, que faz essa mistura gostosa: o respeito, a integridade e a sociabilidade que nós conseguimos preservar. Muito obrigada. (Palmas.)

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra em Grande Expediente, por cedência de tempo do Ver. Ervino Besson.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Para falar o que sinto a respeito da raça portuguesa eu necessitaria de, no mínimo, umas 24 horas. Tenho raízes portuguesas, não por ter sido descoberto por vocês, portugueses, mas por herança do negro Benedito, meu pai, que me deu o sobrenome de Joaquim, pois sua origem foi de uma colônia portuguesa da África. Falo em nome do Vereador que também poderia ser português, se não o é, Ervino Besson, tal o amor que eu tenho por essa criatura e pela forma como ele se dirige às pessoas, exatamente como todos os portugueses.

Se há uma coisa que me encanta é chegar a Lisboa; se há uma coisa que me encanta é conviver nas noites de Lisboa: fados, vinhos e as mulheres fantásticas, maravilhosas, educadas, cheias de respeito e admiradoras do outro lado aqui do oceano.

Pois o Ver. Ervino Besson me cedeu este espaço para dizer que quando chegamos em algum lugar pela primeira vez, é a primeira impressão que fica. E quando pela primeira vez entrei na Casa de Portugal eu senti uma vibração muito grande de carinho, de respeito, de amizade e de solidariedade entre as pessoas que lá se encontravam. E assim foi nas outras tantas vezes em que lá estive para abraçar os amigos e amigas que tenho no seio daquela que é uma grande família.

Então, como não falar algumas palavras de agradecimento nesta saudação que se faz pelos 70 anos da Casa de Portugal? E falo para você, Joaquim Vidal; e falo para você, Chiquinha, e estou falando para todos, através de vocês dois. Então, eu falo com a emoção que me caracteriza, quando me dirijo a grupos que formam momentos de intensa amizade, de intenso carinho e, principalmente, de muito respeito.

Nas horas de lazer, visitar a Casa de Portugal é tomar um banho de amor e de confraternização entre os homens e mulheres que formam essa sociedade luso-brasileira. A Casa de Portugal, já há 70 anos, une as pessoas! E alguém aqui disse que italianos e japoneses também.

Eu sou uma das pessoas que, neste momento, abraço de forma muito carinhosa todos vocês que fazem esse pedaço importante da vida social da nossa Porto Alegre!

É uma casa portuguesa, com certeza! Pão, vinho, muita amizade e respeito sobre a mesa. Mesa da vida, de cada um de nós que temos o privilégio de conviver com vocês que fazem a Casa Lusitana na Capital do nosso Rio Grande do Sul!

Mais 7.777 anos de vida para a sa de Portugal! E que este recado de amizade, de sinceridade e de confraternização - que vocês dão todos os dias - possa continuar unindo todas as pessoas de boa vontade e que primam da amizade e da hospitalidade proporcionada pelos senhores e pelas senhoras que fazem a nossa Casa de Portugal. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Agora, passamos a palavra ao Sr. Edgardo Xavier, que falará em nome da Casa de Portugal.

 

O SR. EDGARDO XAVIER: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Confesso que ao receber do Sr. Presidente da Casa de Portugal a incumbência de vos dirigir algumas palavras de agradecimento pela alta honraria que acabais de conceder à nossa Casa, senhoras e senhores, fui possuído por dois sentimentos, ambos de alta intensidade, mas também, intensamente contrários. O primeiro: alegria. Eu ousaria vos dizer: a quase ufania de poder falar aos nobres representantes desta mui valerosa e leal cidade de Porto Alegre, e vos poder afirmar que este que aqui vos fala foi um dos muitos portugueses que aqui aportaram há mais de cinqüenta anos, e que, como todos os outros, vinha disposto a conquistar a cidade. Mas acho que hoje vos pode confessar que foi muito ingênuo, pois quando se deu conta, viu que não tinha conquistado absolutamente nada, mas, de maneira irrefutável, tinha sido por ela conquistado!

Senhores Vereadores, dizei a Porto Alegre que quem vos fala em nome da Casa de Portugal é o lisboeta mais porto-alegrense do mundo e que, de forma simultânea, é o porto-alegrense mais lisboeta do universo.

Mas logo depois fui assaltado por um pavor irresistível: apercebi-me da responsabilidade que representava ocupar esta tribuna. Aqui, nesta sala, já ouvi orações castiças e primorosas. Aqui, nesta sala, já ouvi jorrar a eloqüência em caudalosas torrentes; aqui, nesta sala, ouvi os destinos de Porto Alegre serem tratados com honra e muita lisura.

E como poderei, pois, eu, senhoras e senhores, vos transmitir a alegria, o orgulho, mas, acima de tudo, a imensa gratidão por vermos a nossa Casa de Portugal ser alvo de tal homenagem pela proposta do Sr. Ver. Professor Garcia e aprovada pelos Srs. Vereadores?

Fazer um histórico da Casa de Portugal é desnecessário depois da esplêndida e generosa exposição do Professor Garcia e dos senhores oradores que se seguiram. Mas há um outro ângulo que eu gostaria de abordar e que, embora vos possa parecer paradoxal, é verdadeiro: qualquer diretor da Casa de Portugal vos dirá que uma das nossas maiores dificuldades é trazer os portugueses diariamente para dentro da nossa Casa. E sabem por quê? A resposta talvez esteja num verso de Fernando Pessoa: "A minha Pátria é a minha Língua".

Não tendo barreiras de comunicação, o português não tem necessidade de se cristalizar numa agremiação lusa; ele se dilui e se espraia por todos os clubes e associações do local em que vive!

A Casa de Portugal é, para nós, um símbolo de saudade, um certo modo de mitigar a nostalgia, mas raramente é uma agremiação recreativa.

E essa maneira de ser do emigrante português que leva a Casa de Portugal a querer, cada vez mais, integrar-se na vida de Porto Alegre. Para além de uma associação portuguesa, a Casa de Portugal deseja ser um símbolo da amizade luso-brasileira em Porto Alegre; uma amizade sincera e leal entre dois povos irmãos, amizade que, ao longo da minha vida, tenho testemunhado e comprovado em alguns episódios de que fui participante.

Segundo semestre de 1945 – A II Grande Guerra terminara há pouco e um batalhão de pracinhas é convidado a visitar Lisboa, e desfila em parada na Avenida da Liberdade, em Lisboa. Senhores, o povo explodiu em uma manifestação espontânea e os soldados brasileiros desfilaram sob uma chuva de flores.

Muitos anos depois, num restaurante de Porto Alegre, eu contava esse episódio numa roda de amigos, quando um dos presentes levanta e me abraça chorando e, entre soluços, foi dizendo: "Eu estava nesse regimento!". Evidentemente, acabei chorando também!

Por volta de 1959, a Casa de Portugal montou, no Theatro de São Pedro, um sarau de Poesia Portuguesa, com uma particularidade: os pseudo-atores eram portugueses, o que permitia que a prosódia fosse a portuguesa. No final do espetáculo, a platéia, em grande parte composta de brasileiros, aplaudia de pé e entusiasmada o final da apresentação. Senhoras e senhores, a platéia não aplaudia os atores que pouco talento possuíam; aplaudia, isso sim, Portugal e seus poetas.

Foi-me dado assistir, há anos passados, ao Grande Prêmio de Lisboa da Fórmula 1. Eu vos asseguro, senhoras e senhores, que assisti ao povo, quase na sua totalidade, agitando bandeiras do Brasil e de Portugal e gritando o nome de Ayrton Senna.

Mais recentemente, na Copa da Europa de futebol, os locutores brasileiros que transmitiam os jogos torciam tão descaradamente pela Seleção de Portugal, que eu ria. Isso, meus senhores, é amizade de dois povos irmãos, saindo pelos flancos do povo. E é em nome dessa amizade que a Casa de Portugal quer, cada vez mais, integrar-se na vida de Porto Alegre.

Temos instalações e uma bela biblioteca; acreditamos que poderemos prestar mais serviços a Porto Alegre. Colocamos-nos à disposição dos Srs. Vereadores para, juntos, planejarmos eventos úteis à nossa cidade de adoção.

Senhores Vereadores, minhas senhoras e meus senhores: só se ama aquilo que se conhece. Por isso que aqui fica o convite para que nos visitem; queremos vos demonstrar que, na verdade, a gratidão é a saudade da alma.

A Casa de Portugal vos espera, não só de portas, mas também de braços e corações abertos! E se olharem para aquelas paredes com os olhos da alma, talvez consigam perceber que ali está escrito um verso arrancado do canto 1º dos Lusíadas:

"Vereis o amor da Pátria / Não movido de prémio vil / Mas alto e quasi eterno /." Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Estamos encerrando o Grande Expediente que, diria grande também em qualidade pela sua importância. Nesse sentido, queremos agradecer o Ver. Professor Garcia por ter promovido esta oportunidade à Casa de saudar o 70º aniversário da Casa de Portugal. Os oradores todos se fizeram ouvir, traduzindo o pensamento plural e democrático da cidade de Porto Alegre.

De nossa parte, também queremos dizer que é uma honra para a Casa poder participar desta homenagem. Outro dia, o Deputado Beto Albuquerque dizia, num dos jantares - o Jantar dos Cozinheiros – que se fizéssemos lá uma verificação de quórum, haveria quórum suficiente, tal o número de Vereadores que participavam daquele jantar. E eu tenho dito por aí, desculpem-me outros jantares: o Jantar dos Cozinheiros é o maior jantar de Porto Alegre, pelo número de pessoas, pela qualidade da cozinha, pelos seus pratos, pelo seu ambiente de fraternidade, de solidariedade. É, portanto, uma festividade grande na cidade de Porto Alegre. É uma atividade cultural que deveria ser colocada como uma festa de Porto Alegre tal a sua dimensão, tal a sua grandiosidade. A Casa de Portugal, todos nós sabemos – da qual muitos daqui são sócios, inclusive este Vereador -, presta um trabalho cultural imenso através das suas atividades. Exemplifico com a festividade realizada no Dia de Camões com as suas atividades culturais. Agora comentava com o ex-Presidente Júlio sobre o pórtico da Casa de Portugal, que considero uma obra de arte integrada ao patrimônio estatuário e arquitetônico de Porto Alegre, com a réplica da Torre de Belém e uma caravela estilizada na entrada da sede da Casa de Portugal. Às pessoas que ainda não a viram, digo que vale a pena conhecê-la.

Portanto, meu caro Cônsul Lages, a Casa de Portugal, por assim dizer, transpõe os lindes de um clube, sendo quase uma instituição pública, uma embaixada - sem querer fazer concorrência com o Consulado de Portugal, que parece deve permanecer aqui. Tivemos a oportunidade de nos manifestar e esta Casa se manifestou, na sua totalidade, não admitindo, não aceitando que saia de Porto Alegre o Consulado de Portugal.

Portanto, este é um Grande Expediente muito especial, que homenageia essa instituição que vem ajudando o desenvolvimento da cidade de Porto Alegre. Agradecemos a todas as autoridades já nominadas, pois assim tivemos a oportunidade de agradecer a nossa mãe-pátria Portugal, e a Casa de Portugal, que é uma grande embaixada que representa não só os interesses culturais e sociais dos portugueses, mas de resto, hoje, lá estão portugueses, luso-brasileiros, italianos, japoneses, enfim, é uma casa extremamente democrática. Recebam, em nome da Mesa, em especial do Ver. Professor Garcia, a nossa homenagem. Suspendemos a Sessão para as despedidas.

(Suspende-se a Sessão às 15h52min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães – às 15h58min): Estão reabertos os trabalhos da presente Sessão.

O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores. Eu não vou falar mais nesse assunto, mas que as cidades brasileiras que resolveram não utilizar postes e viadutos para propaganda eleitoral estão muito felizes com a iniciativa, isso é inegável, e eu estou de consciência tranqüila a respeito disso.

Tenho dois assuntos para esta Liderança do PMDB. Quero trocar um dedo de prosa com vocês a respeito do Sr. Ibsen Pinheiro, Ver. João Antonio Dib. O meu amigo Ibsen Pinheiro, de corredores da RBS, da amizade surgida nas cabines de rádio em jogos de futebol, e de uma lembrança que eu tenho dele, quando com 28 dias que eu tinha de Porto Alegre, ele, Ibsen, ainda fora da política - eu e ele - escreveu sobre algo diferente que estava entrando no ar pelo rádio, enchendo a minha bola e o meu entusiasmo por estar chegando a Porto Alegre com a pretensão de ficar. E lá se vão 30 anos.

Ali surgiu uma amizade sincera e que dura até hoje. Quando o Ibsen foi cassado - lembro-me como se fosse hoje – eu estava com o treinador Luís Felipe no saguão de um hotel na cidade de Campinas, à espera de um jogo do Grêmio contra a Ponte Preta. E ali estarrecidos com o Jornal Nacional em edição extraordinária, olhamo-nos e nada dissemos. E o Felipão, momentos depois, disse: Aí tem coisa! Só depois, bem depois, "é que caiu a minha ficha": alguma coisa na história da política brasileira iria ficar mal-contada. Da minha parte foi um sentimento que tive alicerçado na amizade que tenho com ele; fora a política.

Eu ainda nem tinha pensado em ser político. Como amigo, doeu demais. Mas que bom que esse erro jornalístico assumido é uma coisa descomunal que assusta àqueles que fazem do jornalismo verdadeiro um verdadeiro caminho religioso, jurando só a verdade.

O Ibsen foi julgado por uma empresa jornalística com problemas financeiros, sem condições de perder um pouco de material gráfico. Isso é possível?

Na reparação do erro da revista nacional, mostrando a saúde moral do Ibsen, fica a certeza de que mesmo com esses erros, jamais um povo pode ficar sem a sua imprensa livre e soberana. É contraditório, eu sei, mas prefiro a imprensa livre e com o risco de possíveis erros a uma administração autoritária com a fantasia de uma democracia.

Eu não posso julgar nem como Parlamentar nem como Jornalista, e muito menos como ser humano, mas o motorista causador da tragédia de Erechim terá de se explicar com a justiça comum dos homens, guardando-se para depois o seu julgamento perante Deus. As testemunhas, meninos e meninas, cujas vidas ficavam sob a sua guarda, dizem de uma conduta inconveniente e irresponsável, pois quando pediam para ele dirigir mais devagar, ele afirmava que todos sabiam nadar! Não estou lembrando de uma tragédia como essa, tirando fora aquele incêndio que consumiu dezenas de vidas em uma creche na cidade de Uruguaiana. Mas um acidente como esse não tem exemplo em nossas vidas! Mas é nas tragédias que surgem os heróis, as figuras que marcam a vida por todo o sempre, como seres que entregam a sua própria para a salvação de outras vidas. É o caso do Lucas; a coragem do menino Lucas, de apenas 14 anos, comove a todos nós! E nas próprias declarações de seu pai ficamos sabendo que o Lucas se transformou em um homenzinho antes do tempo, pela sua responsabilidade de filho e sua dedicação de aluno da oitava série.

Lucas é a figura humana que essa tragédia nos deixa como legado de coragem e de solidariedade: salvou três amiguinhos! E sua disposição e amor ao próximo o levou, mesmo sem mais condições físicas, a tentar resgatar um quarto amiguinho. Foi quando as suas forças acabaram e ele passou a figurar na lista das vítimas fatais.

Jamais vamos esquecer do Lucas e o do que disse o seu pai: “Ele era um homem aos 14 anos; perco meu filho, meu único filho, mas sou um homem orgulhoso por tudo o que ele fez”. Quando da tragédia das crianças no incêndio da creche de Uruguaiana, fui chamado à atenção pela Diocese de Porto Alegre por uma crônica feita na época, em que eu dizia: o que crianças inocentes têm de pagar em momentos como este? Seres humanos que engatinham na vida e têm suas vidas ceifadas em tragédias como essa de Erechim! Longe de duvidar da justiça de Deus, mas, dentro dos meus direitos, pedindo uma explicação a Ele. O que é que o Lucas e os seus amiguinhos fizeram de tão errado em suas vidinhas para serem castigados assim? Onde está a justiça Divina? Ou teremos de ir ao mundo espiritual para entender esse tipo de tragédia? Reparos de vidas passadas ou já o cumprimento de todas as fases de que o ser humano necessita para se igualar os direitos de vida eterna? O Rio Grande está de luto.

Temos novos heróis em meio a vidas de adolescentes e crianças que se vão – no nosso entender – antes do tempo. E ficamos com este gosto amargo na boca pelo desespero e pela tristeza, pela perda de vidas tão valiosas no alvorecer de existências humanas. Tragédias deixam marcas, mas alguns ensinamentos também. Somos nada diante dos desígnios de Deus. Agora, se ele está certo, é outra história que um dia nós, humanos, haveremos de compreender para poder aceitar. Obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Eu registro a presença, nesta Casa, do cidadão de Porto Alegre conhecido como Paulo Naval.

Não havendo quórum, estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 16h05min.)

 

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